Cama de rede
Prefiro a palavra inglesa, hammock. Agrada-me mais a ideia de “hammocar”* do que a ideia de “dormir numa cama de rede”. Chamemos-lhe hamoque por hoje. Com agá e sem furores homicidas nem opiáceos.
O local ideal para um hamoque é na varanda da casa. Àqueles que estão já a torcer o nariz, porque é entre duas árvores que se planta um hamoque, no meio da natureza real, digo que o equilíbrio é que é bonito: há lugar para as duas opções, quando se vive na selva! Mais, é bom ter um frigorífico à mão, ainda que este só esteja ligado durante a noite. As varandas são simpáticas, porque têm menos quantidade e variedade de bichos. E vêem-se as estrelas de igual forma. Como não tenho varanda, pendurei o meu hamoque na sala umas noites antes da partida, de forma a treinar o corpo para o sono baloiçado. Bem ao centro. Abro as janelas de paredes opostas e baloiço-me enquanto leio ou me deixo estar, simplesmente. Mesmo quando o vento não sopra, o movimento hamocante cria uma brisa maravilhosa.
Por falar em maravilhas, um hamoque para fins recreativos e românticos é uma coisa; pendurá-lo para que nele possamos cumprir o milagre do sono descansado é outra. É fácil, mas uma miúda não adivinha, caramba. Portanto depois de muita tentativa, erro e reflexão (ai avaliação, sempre presente!), sou perita. Aceitai algumas dicas:
- Se há pouca distância entre as duas extremidades do hamoque, o truque é esticá-lo mais, subindo-o. Assim fica mais direito e confortável, apesar de alto e perigoso para o tombo. Como o espaço que tenho é relativamente pequeno, da primeira vez senti-me uma sanduíche, com os pés a querem tocar a cabeça! Mas depois subi o hamoque e a qualidade acompanhou o movimento.
- Os nós são importantíssimos. Maninho, és bem capaz de me ter ensinado uns perfeitos para isto nas nossas aventuras pela escalada... Não existe um “nó certo”; importante é que não se desfaça. Nas noites de treino do sono hamocado, lembro-me que esta era uma das razões de insónia: estava sempre a mirar os nós e ver se se tinham mexido na ausência do meu olhar atento. Quando cá vierem logo vêem como se dão os nós. Sou boa a dar o nó :p
- Podemo-nos deitar no hamoque free style; Não tem de ser de rabo para baixo. Foi uma alegria perceber que me podia deitar de lado! Zzzz
Ainda só usei o meu hamoque num contexto autêntico durante um par de noites e foi bom. Muito bom: Passei um fim-de-semana numa ilha situada no poderoso Potaro: Ilha de Amatuk. Fomos até Pamela Landing numa das típicas carrinhas 4x4 (os empreiteiros portugueses deviam vir viver para aqui, pelo menos teriam real motivo para usarem estas gigantes pick ups). Ninguém me explicou porque se chama “landing”, já que ninguém aterra por ali. Metemo-nos num pequeno e velho barco de madeira e deslizámos sobre as águas do Potaro durante cerca de hora e meia.
A ilha de Amatuk é pequena: uns 200 metros redondos (quadrados, vá). É melhor virem cá ver, porque eu não sou de confiança nisto das estimativas. Culpo as minhas professoras primárias por esta limitação! Limitações para trás, foi fantástico ter uma banheira gigante a meus pés durante um fim-de-semana. Pena é que eu seja muito tímida no modo como me relaciono com as enguias eléctricas e piranhas; Senão teria nadado a bom nadar. Assim, fui refrescando o corpo e a mente muitas e deliciosas vezes.
A ilha de Amatuk é pequena: uns 200 metros redondos (quadrados, vá). É melhor virem cá ver, porque eu não sou de confiança nisto das estimativas. Culpo as minhas professoras primárias por esta limitação! Limitações para trás, foi fantástico ter uma banheira gigante a meus pés durante um fim-de-semana. Pena é que eu seja muito tímida no modo como me relaciono com as enguias eléctricas e piranhas; Senão teria nadado a bom nadar. Assim, fui refrescando o corpo e a mente muitas e deliciosas vezes.
Por lá andava um menino ameríndio de 9 anos com imensa piada, que me ensinou uns truques de cartas. Não sabia ler, mas isso é um outro texto...
* Dedicatória do post: Juom, aqui tens a resposta à pergunta sobre o verbo ;)