Tuesday 16 March 2010

B de bois na minha rua

Depois de ser perseguida por uma manada de vacas no País de Gales, confesso que aprendi a lidar melhor com vacas. Pelo menos sei que quando têm crias não nos devemos aproximar porque podem atacar, defendendo a prole; Descobri também que apesar de estarem a correr na minha direcção, havia a possibilidade de estarem apenas curiosas em relação a este ser de duas pernas que lhes entrou campo adentro (o que, considerando o tamanho e ar zombie destes bichos, é suficiente); Aprendi que quando se anda a passear um cão, se houver uma manada de vacas, o melhor é levar o cão ao colo, porque elas ficam loucas quando vêm quatro patas. Como vêm, Ty Newyth foi só aprender!
Do país de Gales para a Guiana: Digo-vos que as ruas são uma animação de cores e ruídos. A terra batida e abatida na maioria dos lugares é vermelha, os cães magricelas mancos ou com três patas, os gatos lingrinhas e com peladas, as almofadas andantes que são as ovelhas, os bodes com as suas longas barbas e mais longos ainda testículos (credo, não tinha noção do tamanho!), as galinhas bravas animadas, as galinhas chocas e poedeiras (acho que estou a inventar, não sei), os galos que cantam de 12 em 12 horas, às 6 certas, os sistemas de som das enormes carrinhas americanas dos garimpeiros, os psssst dos transeuntes do sexo masculino aquando da passagem de qualquer fêmea e os longos muuuuu dos bois pretos, enchem estas 3 ruas da minha querida Mahdia.
Como tinha ouvido falar tanto dos garimpeiros e que não se podia andar na rua porque nos andariam sempre a assediar, não trouxe sapatilhas nem roupa para correr. Assim, quando ontem decidi correr pela primeira vez, fiz-me ao caminho com as botas de caminhada e uns trapos mais largos. Não é o mais recomendável nem o mais confortável, mas soube-me tão bem que não podem calcular. Foi um prazer só comparável ao de comer pão quente com manteiga de amendoim hoje pela primeira vez. 

Continuem a mandar mails, sms e cartas, contando-me das vossas vidas. Gosto imenso de saber o que andam a fazer. É um misto de sentimentos: é tão estranho quando sei que as coisas aí estão a mudar. Um secreto desejo de que tudo congele na minha ausência. Suponho que seja o meu inconsciente a achar que bem basta tudo o que em mim vai mudar, portanto é preferível acreditar que o “meu mundo” com os “meus amores dentro” se mantenha igual e seguro. Mas esse é só dos lados, o outro lado - maior - quer e precisa de pormenores da vida real, que é uma das maneiras que tenho de sentir que ainda vos pertenço.
Beijos, saudades, amor

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